- Por que você deixou elas no peito, nós poderíamos extrai-las.
- Souvenirs.
Esta é cena inicial de A História de Ricky, e isto ainda não é nada.
Antes de tudo, o filme é baseado num popular mangá “Rikki Oh”, a história se passa em 2001 – é um filme dez anos no futuro, já que foi gravado em 1991. Ricky é um jovem que possui um dom especial, algum poder, ki, sangue brabo ou coisa do gênero. Ele está indo para a prisão por ter matado um homem – pela personalidade do herói, com certeza era algum malfeitor. O Complexo Penitenciário é o Pavilhão 9 do carandiru elevado a enésima potência: os prisioneiros (que estão sempre livres sabe-se lá por que) se batem, se rasgam, se esfolam e se matam sob a vista dos guardas que não passam de meros enfeites. Sem citar o fato do diretor ser um corrupto (algo inédito nestes filmes rodados em prisões) envolvido com o tráfico de drogas da cidade. Para completar, existe uns tipos bem esquisitos que mandam geral na cadeia, chamados de “Gang do 4” – onde, com certeza, destaca-se Huang Chaun, que em vez de usar o traje de presidiário, prefere usar a roupa que a sua tia usava em 1984.
Sim, parece mais um destes filmes sobre a vida dura na cadeia e seus grupos internos. Mas não. Quando sentir a primeira gota de sangue espirrar da tela em você, vai ter idéia do que eu estou falando. E se em algum momento você se espocar de rir – o meu foi coincidentemente quando espocaram a cabeça de um detento com as mãos – vai saber do que eu estou falando. Não, não sou um sádico. Se você tiver visto ao menos um dos filmes de Peter Jackson (Fome Animal ou Trash Náusea Total), antes dele entrar em contato com hobbits e elfos, vai finalmente entender do que eu estou falando.
Os caras são muito bons atores, parece que eles levam o filme a sério - até mesmo na parte em que um deles comete harakiri e resolve enforcar Ricky com os próprios intestinos. Égua (e isso em Belém significa a interjeição mais foda que já inventaram) este é um dos filmes de kung fu mais absurdos, insanos e engraçados que já vi. E você que já achava absurdo os chineses voarem, espera só até ver Ricky quebrar blocos de concreto, mascar giletes, encontrar mais de mil motivos para vingança em tão pouco tempo e trucidar seus inimigos (literalmente) de tal forma que faria Paul Kersey (Charles Bronson em Desejo de Matar, todas as partes) morrer de inveja. Sem falar que o diretor, sem dúvida, era fã do Chaves – esperem só até aparecer o Nhonho.
E o nível de “trashismo” vai aumentando em doses graduais cada vez maiores até atingir níveis cavalares na apoteótica cena final – em que o protagonista só conseguiu lavar todo o sangue(falso) da pele três dias depois. Quando você imagina que o diretor já chegou ao seu limite, ele consegue extrapolar mais ainda na cena seguinte.
Enquanto assistia, a minha maior frustração era não ter como mostrar esses filmes aos meus semelhantes. Provavelmente ele nunca chegará ao Brasil – pensei comigo cabisbaixo... Porra, e não é que tem o DVD nas Lojas Americanas!! Pois é, meu aniversário é dia 7 de outubro.
Este filme é ótimo para você que vai fazer vestibular. Você deve passá-lo para sua mãe e depois dizer: “Mãe, eu ia fazer Medicina mas por causa deste filme eu resolvi ser cineasta.”
Não se preocupe, além deste sangue desaparecer em segundos, vai ter forra e da pior forma possível