Na eterna busca de ter motivos além filme para ir aos cinemas hoje em dia, fui ao encontro de um grande amigo da infância relembrar os velhos tempos de jogatina de nintendo 8 bits e pasta de amendoim. Escolhemos então Distrito 9, já bombando nas salas da cidade das mangosas. O trailer repassava um misto de intolerância, efeitos especiais, preconceito, efeitos especiais, favelas, efeitos especiais, alienígenas e efeitos especiais. E vou logo adiantando, se você gosta de ficção científica e outros trololós, você não pode perder este filme. Senta, faça amizade com o alien vizinho da sua casa, que lá vem a história.

Sobe o céu de Joanesburgo (África do Sul) há uma gigantesca nave alienígena imóvel. Está assim desde que chegou há 20 anos, assustando o mundo inteiro com a iminência de alguma ameaça ou qualquer sacanagem destas que só espaçonaves desconhecidas sabem fazer. Inquietos, os humanos resolveram invadir o negócio para encontrar, no lugar de aliens arquitetando algum plano bélico, um bando de criaturas subnutridas e fudidas - tal qual refugiados de guerra de algumas áreas de conflito do 3º planeta. Com a nave deles enguiçada, acolher a espécie foi a melhor saída para o senso comum da humanidade e suas recém criadas instituições sobre o direito e assuntos alienígenas. Muito bem, só que a convivência entre diferentes crenças, cores, opção sexual e formas de pensar já é bastante difícil entre o homo-sapiens, imagina entre nós e camarões gigantes muito longe de casa! É aí que entra o Distrito 9, a grande favela isolada onde os visitantes-forçados passaram a viver em condições sub-alienígenas.
A impressão que eu tive é que Blomkamp vai acertando em todos os pontos, começando pelo caráter de documentário que permeia todo o filme – hand-cans, câmeras de segurança e entrevistas com pessoas envolvidas no incidente envolvendo Wikus Van der Merwe, nosso protagonista boa praça que se mete numa encrenca interplanetária daquelas. Os efeitos visuais são o puro suco, é incrível como os alienígenas e a situação em que vivem são mais reais que as novelas brasileiras de hoje. Outro fato é a quebra de clichês, desde a diferente abordagem com o tema “alien”, até nas próprias cenas – todas as situações pré-imaginadas por mim tomaram novos rumos durante a projeção. Acho que o dedo de Peter Jackson, que assina a produção e atrai telespectadores, fica por conta das coisas espirrantes, nojentas e melequentas – velhos tempos de Bad Taste (1987).
"Distrito 9" é mais um daqueles filmes sobre a escrotidão da natureza humana e interesses econômicos e pessoais, tudo chacoalhado numa história sci-fi da melhor qualidade. Superando minhas expectativas, a trama do apartheid alienígena tem muita ação, humor, violência, drama e tecnologia. Deve ser um dos melhores entretenimentos da temporada, vale o ingresso no dia mais barato ou meia entrada.

"Estou com uma ordem de despejo para o Sr. Seth Brandon Mosca."