### por Sepúlveda Gerardo ###
Bom, senta, contrai uma gonorréia no Novo Horizonte* aí perto da tua casa, que lá vem a história. Cara, lembro alguém falando que o Ken Park, do Larry Clark (aquele do Kids), não servia nem pra bater uma punheta. Pois então. O CB é a mesma coisa. A história é a seguinte: dois caras que comem uma puta juntos, se apaixonam por ela e depois brigam pela meretriz. Eles são barqueiros. Ela, como eu já disse, uma puta. Um vira boxeador. O outro assaltante. Ela continua uma puta. E ponto final.
Bom...essa é a história. Acho que o diretor queria mostrar uma Salvador (BA) sem romance. Feia, suja, pobre, marginal. Porém, caraleo, isso já foi feito com outras cidades brasileiras retratadas em filmes como o Amarelo Manga, que mostra Recife bem escrotinha, porém tem uma história bacana pra contar. O fato é que a proposta do CB fica só na proposta, sem história, sem porra nenhuma. Até os bons Lázaro Ramos e Wagner Moura se fodem em suas atuações. O filme é tão ruim que o espectador olha e vê o Zico e o Ezequiel do Carandiru.
A puta, quer dizer, a atriz que faz a puta, é a Alice Braga, aquela sobrinha da Sônia Brega. Não sei o que fizeram com a menina, mas ela está bem escrota nesse filme, comparando com a gostosura dela em Cidade de Deus - Pausa: acho que ela só vai fazer filmes que tenham "Cidade" no título. Vou chamá-la pra atuar no meu mais recente roteiro: "Cidade Nova"**, com patrocínio da prefeitura de Ananindeua.
Penso que ela se esforçou demais pra parecer uma piva rebi-rebi. A atuação dela é tão medíocre quanto dos dois caras, com o agravante da moça parecer mais inexpressiva do que a dupla masculina. O trio acaba fazendo uma série de pseudo-cenas de sexo. Uma hora um come a putinha e o outro espera. Outra hora o outro come a putinha e o primeiro brecha. Outra hora o primeiro come a putinha enquanto o outro está todo estrupiado. Outra hora os dois vão comer a putinha e um desiste. E assim vai... até que uma hora um deles resolve assumir o caso com a vagaba, deixando o outro todo putinho, não no sentido de vender o corpo e sim de ficar bravo, com raiva.
O clima do filme com as cenas de prostíbulos baratos, os tipos escrotos do cais do porto baiano, a briga de galo, as lutas de boxe amadoras, dá a entender que vai terminar com uma morte (pelo menos). Mas, como o diretor deve ser um viadinho covarde, termina o filme com os dois, depois de uma briga de moleque de rua muito da sem graça, sendo amparado pela Karina (a putinha, claro), que chora em cima de uma bacia com água misturada com a groselha saída da cara dos amigos brigões.
Rapaz, ouvi dizer de uns “entendidos” em cinema que esse é mais um bom filme da nova safra no Brasil. Imagina quando começarem a chegar os palhas. Acho que o público no dia em que eu assisti não era dos mais afeitos a arroubos cinéfilos. A maioria ria das cenas e um, na saída da sala escura, resumiu a minha impressão: “égua do filmizinho sem graça!”.
Já não está mais em cartaz, mas está quase para chegar nas locadoras. Se quiser ficar puto, "só te digo vai"***.
Nossa, não chocavam tanto a opinião pública desde “Três formas de amar”.
* Casa da luz vermelha que fica próximo à casa de P. Nazareno, em Belém.
** Grande área de bairros do Município de Ananindeua.
*** Expressão local equivalente ao “você não pode ficar fora dessa”.
Uma canção, “I Want you” (Elvis Costello).
4 comentários:
Cada vez mais você se supera com seus textos...
O pior é que mesmo com as análises brochantes eus emrpe termino de ler os posts com vontade de ver o dito filme só pra confirmar oq ue você escreveu... Coisa de gente louca mesmo...
beijins
Pessoas, apesar d'eu ter diversos personagens ou heterônimos, asseguro-lhe que Sepúlveda Gerardo não é um deles. Este é meu amigo de Portugal colaborador do blog. :)
Aquele abraço, Heloisa.
Cara....gostei do Cidade Baixa...claro e evidente que o diretor da uma boa aloprada as vezes, usando ate de certo sensacionalismo...mas no final o resultado é bom, boas atuações, e um romance meramente carnal, sem redençoes....ah...e se o cara tiver exilado da pra bater uma punheta sim.. :))
Gajo Adriano, estamos em lado opostos no gostar da película. Mas, quanto ao exilamento, isto lá bem que é bem verdade. Quando o sujeito está assim vale até "trabalhar" olhando pro reflexo do próprio suvaco! Imagine a visão da sobrinha da Sonia Braga...
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