domingo, 17 de dezembro de 2006

José Matheus Figueiredo Costa

Quem um dia já foi universitário de uma instituição pública, sabe que há uma série de adversidades: greves, neoliberalismo, professores psicopatas, esculhambação, mulheres boas do curso de comunicação (que não estão nem aí pra nós)... essas coisas que vão nos consumindo, causando indignação e o desejo de se fazer algo grande e revolucionário. Diante deste sentimento de incapacidade, ou a desculpa para se fazer qualquer merda, eu uns amigos criamos um fanzine, o FOSSA (Federação Organizacional da Superintendência Sistemática e Anárquica) – ou algo assim. Há tempos não encontrava um exemplar sequer do primeiro (e único) número do in-periódico. Eis que meu amigo, Lucás, aparece-me em casa com a matriz do maldito! E finalmente pude ver de novo as tiras de “José Matheus Figueiredo Costa”, de Fausto Suzuki.

Acho que esta foi a única aventura de Suzuki nos quadrinhos. É pena que ele não tenha dado continuidade à saga de José Matheus Figueiredo Costa. Bem, deixo aqui para a posteridade e para que o próprio autor retome este seu lado cartunístico, bastante apreciado por mim – e outras facções toscas e vanguardistas.







sexta-feira, 1 de dezembro de 2006

“Bem Vindo à Selva”, de Peter Berg (2003)

Faz tempo que vi este filme. Nem ia escrever nada sobre, mas com a recente pré-polêmica sobre o tal de TURISTAS (título original de um novo filme americano, pronunciado com o mais canalha sotaque, com batata na boca e tudo) onde um grupo de gringos são sacaneados, torturados, mortos e o diaba4 por maníacos tupiniquins, lembrei desta pérola chamada “Bem vindo à Selva”.

Beck (The Rock) é um simpático capanga pago para realizar cobranças e outros serviços que exijam intimidação e alguma força. Seu patrão resolve liberá-lo de uma dívida se ele realizar mais uma última missão: trazer de volta o seu filho Travis (o do patrão, não o dele). Um trabalho bico se Travis não fosse um aspirante a Indiana Jones metido em algum lugar no meio da floresta amazônica – BRAZIL. Pois é, isso mesmo! E é aí que os problemas começam em “Bem vindo à Selva”.

Well, me aterei apenas às partes mais absurdas e que alopram com maestria nossa terra quirida de meu deus. Você, como eu, deve achar que fazer um filme não é pra qualquer um, apesar de existirem aqueles que desperta o cineasta que existe em cada um de nós, por simples indignação mesmo. Se eu disser que vamos filmar no meu quintal com as plantas de minha mãe, entre espadas de são jorge, comigo ninguém pode e dizer que estamos na floresta amazônica nativa, você vai acreditar? Pois é, sem exageros, estaremos no mesmo nível que este filme de Peter Berg.

Se você não se espocar de rir da primeira tentativa de alguém falar em português no filme, não sei mais do que rirá. Minto, na verdade, teremos muitas oportunidades além desta. O primeiro impacto é o fato de não existirem brasileiros no Brasil. É sério, neste quesito, qualquer novela da globo, onde apareceram italianos, marroquinos, gregos e até alienígenas, todos simulados por atores nacionais, teve muito mais cuidado histórico-cultural que os realizadores deste filme.

De avião, Beck chega ao Brasil: uma suposta região de garimpo dominada pelo senhor Cristopher Walken, em mais um de seus ardilosos vilões. Adivinhem o nome do lugar: EL DORADO! (se não me falhe a memória, uma das trocentas expressões em espanholês encontradas na película).

Lá (quer dizer, “aqui), Travis tenta conquistar Mariana (Rosario Dawson), a única atriz que conseguiu dizer duas palavras em português - eu quase acreditei que ela visitou nosso país algum dia. O interessante é que só dá pra saber que eles estão no Brasil, por conta dos cartazes de cerveja (nacionais) no bar que ela toma conta. Quando Beck tenta capturar o rapaz, que não está disposto a voltar para casa fácil, e os dois se encontram pela primeira vez mata adentro...são atacados por BABUÍNOS excitados. Afinal de contas, todo mundo sabe que babuíno é um típico representante da fauna amazônica, apesar do resto do mundo insistir que são macacos da savana africana.

E entre uma confusão e outra, daquelas dignas da sessão da tarde, eles encontram um grupo de GUERRILHEIROS REBELDES. Contra o Governo Brasileiro? Lógico que não! Contra Cristopher Walken, o senhor todo poderoso que contribui para a pobreza geral da população local. Os guerrilheiros tailandeses, quer dizer, brasileiros, pensam que Beck é um dos homens do facínora. Daí eles resolvem espancar o cara com um misto de kung-fu, capoeira e samba, tudo ao mesmo tempo. Deu pra entender? Pois é, só vendo mesmo...

E ainda tem o motivo que fez o Indiana Travis a vir parar neste inferno verde: ele veio em busca de um artefato em ouro maciço de valor inestimável, EL GATO DO DIABO dos índios MARAJÓ!! Bem, quando se é de Belém, não é preciso ser um pesquisador para perceber que na caverna que abriga o tal gato há sinais mais próximos da cultura egípcia, ou até mesmo asteca do que qualquer coisa marajoara. É preciso reunir em peso os ceramistas da Vila de Icoaraci para uma sessão especial da película.

Por fim, as duas últimas coisas legais que lembro. No final do filme, o piloto do avião (que eu acho que é irlandês) ajuda o protagonista convocando uma manada de vacas com uma GAITA DE FOLE. Nada mais justo, aja vista que as gaitas de fole da Irlanda são usadas há séculos pelos peões da Ilha de Marajó no manejo dos búfalos – qualquer criança de 4 anos do Pará sabe disso.

Mas o melhor eu guardei para o final. Mariana, que também é militante de guerrilha, droga os dois personagens principais com frutas alucinógenas da região: KOMBOLOS. As frutas são usadas em dois momentos durante o filme. O mais incrível, é que além de causarem efeitos esquisitos e paralisarem seus comensais durante horas, os próprios kombolos se transmutam em frutas comuns para nós: no primeiro momento, os caras ficam grogues comendo biribás, e noutro, tombam ao doce sabor de graviolas. É claro que o tráfico de graviola é um grande flagelo que está destruindo as famílias dos poucos povos indígenas que ainda restam no país, mas enfim, hollywood não precisava ostentar nossos problemas para o mundo desta forma tão cruel.

Porra, dá pra falar mais alguma coisa desse filme?

E nesta terra de fofoqueiro, barraqueiro e polêmicas periódicas por qualquer coisa, TURISTAS já conseguiu o que queria... já começaram as importantes revoltas por aí. Recebi até um email com uma espécie de organização de boiocote ao filme! Será que os chineses fizeram protestos além de caírem na gargalhada com o cantonês sinistro em “Os Infiltrados”? Será que os tibetanos promoveram passeatas em direção aos mistérios da alma pelas besteiras em “O Rapto do Menino Dourado”? E a Europa inteira? Ficaram putos por suas mulheres serem putas e só existirem maníacos nos paises do leste, segundo “O Albergue”.

Realmente esse tal boicote vai ajudar muito a mudar qualquer imagem que tenham de nós lá fora. Principalmente de um lugar em que a tríade: governo + agências de turismo + imprensa o venderam durante anos como: carnaval, futebol e mulheres gostosas.

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Bizarro Mondo Paintbrush



Uma canção: Bliss (Muse)

terça-feira, 31 de outubro de 2006

Resumo dos Debates

Eu não sei vocês, mas o que eu entendi dos debates que passaram na tv foi mais ou menos isso...



Uma canção: "Stone the Crow" (Down)

domingo, 15 de outubro de 2006

Workshop "Crítico de Cinema"



Puxa, este blog está meio entregue às baratas voadoras. É que eu estou com problemas no meu computador. Ele trava de repente, aí nem com desfibrilador. Posso cair a qualquer momen

A função social do jornalismo

Amigos conversando sobre o papel social do Jornalismo dá nisso. Mas uma da Tamine.

quinta-feira, 21 de setembro de 2006

Da série: “O que me importa?” – VÍDEO DA CICARELLI

Olha, eu não posso dizer se isso é um fenômeno mundial, quando começou, se acontece com grande propriedade e importância nas Ilhas Galápagos tanto quanto no Brasil...só sei que estes grandes episódios polêmicos da história da humanidade já bateram na minha tolerância.

O TEXTO ABAIXO CONTÉM 20 PALAVRÕES OU EXPRESSÕES DE BAIXO CALÃO (EM CAIXA ALTA) DE ACORDO COM AS NORMAS E COSTUMES DA SOCIEDADE HIPÓCRITA VIGENTE

Não sei se foi ontem, ou anteontem, anteontonte, hoje mesmo, ou todos os dias, mas era mais fácil encontrar o evangelho escrito pela Maria Madalena que um canal da minha TV (sem cabo) que não estivesse falando do vídeo polemissíssimo da Cicarelli.

Eu tinha decidido mandar tomar no CU, sem mais nem menos, a primeira pessoa que me perguntasse sobre ele, mas enfim, não costumo xingar minha mãe – que leu isso em mais um jornal de MERDA.

Decidi também que não veria esta PORRA em hipótese alguma, pois já estou cansado destas paris hiltonices e voyerismo virtual desenfreado – e olha que eu cresci assistindo às aventuras de John Stagliano (Buttman) e sua trupe pelo mundo afora. Acontece que a internet, na sua rapidez em propagar besteiras e assuntos irrelevantes acabou me derrotando: 12 em cada 10 sites que eu entrava continha alguma coisa sobre a história e coisa e tal. O vídeo que eu vi foi praticamente um pop-up que surgiu na minha tela já com o play ligado.

Definitivamente eu não entendo, e não sei se isso acontece de forma mais aguda em nosso país, o significado da “polêmica” contida em diversos assuntos propagados nos meios de comunicação... e que os irmãos Galagher se FODAM antes que eu me esqueça! - este palavrão só está aqui porque o texto estava tempo demais sem palavrão algum. Os Galagher estão por serem uns PUTOS mesmo.

É desnecessário eu colocar aqui o link deste vídeo chocante, já que você também já deve ter visto e ficou aliviado de não estar no tempo da conexão a cavalo, quando teria esperado uma hora e meia para abrir o vídeo de uma apresentadora da MTV à milanesa sendo traçada em banho maria e cuja imagem mais visível e marcante é dela amassando o CACETE do namorado.

O namorado, esse tal de Malzonni (não perderei tempo procurando a grafia correta no google), está no olho polêmico do furacão polemizântico da polêmica porque simplesmente ficou de PAU DURO na rua (na praia). PORRA, desde que eu me entendo por gente, não há nada de polêmico em se ficar de PÊNIS ereto na rua, até mesmo porque isso deve acontecer comigo todo dia – e quem foi o PUTO que inventou essa expressão “desde que eu me entendo por gente”? Deve ter sido algum FILHO DA PUTA, ô expressãozinha mais nojenta!.

Vamos lá, se você encontrasse um vídeo meu na net, seria mais mais ou menos assim:

CENAS POLÊMICAS DE UM GRUNGE SE MASTURBANDO SOZINHO NA PRAIA, CLIQUE NA IMAGEM E VEJA AGORA:

Diga a verdade, não sabemos quem é o pior da história. Se é o grunge batendo uma BRONHA sozinho na praia; Se é o VIADO que filmou tudo ou se é o você, seu SACRIPANTA, que clicou no link para ver a cena (diga que você não clicou!). Esse meu vídeo teria 0 visitas no You Tube.

Vamos falar sério agora, a mulher qué FUDÊ e faz isso dentro d’água numa praia e não quer que ninguém veja? Ora, vai se FUDÊ de novo, mermão! (literalmente). E vai saber se ela não queria realmente que ninguém visse – por que ela foi pra Espanha então, porque não veio aqui na praia de Outeiro mesmo? Sem falar nesse FUDIDO com a câmera. Pra mim um cara desse tem que ser currado, com tripla penetração anal, golden shower e facial humiliation! Ora vá filmar a FODA dos outros na CASA DO CARALHO!


--- COTA DE PALAVRÕES ESGOTADA ---

Bem, este foi mais um grande episódio polêmico da história da humanidade que a imprensa se empenhou em divulgar. Aqui, contado por alguém que está perdendo a temperança e que já tem vergonha de dizer que se formou em jornalismo.

Aquele abraço em todos os amigos da imprensa e vão se FUDER (nossa, ainda me restara um).

Nota: Sinceramente, este texto foi bem mais polêmico que o vídeo da Cicarelli.

------------------- Extra: Alguém tinha que dizer --------------------

O vídeo abaixo não tem nada a ver com Los Hermanos. Pra mim eles são uma banda como Legião Urbana, têm músicas que acho bacana e outras não, e sofrem do mesmo mal: possuem fãs xiitas.

A questão é sobre o que Amarante fala para o carinha de microfone na mão. Afinal, uma hora ou outra, alguém tinha que dizer isso...

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Chewbabacca



Por favor, deixe um comentário explicando o que você entendeu da tira.

sexta-feira, 7 de julho de 2006

domingo, 2 de julho de 2006

Zinedine Zidane, trocadilho sem enxame

Desenho em homenagem ao Anderson Araújo, único que viu esta cena e me contou. Ao menos estamos livres mais cedo dos vizinhos torcedores com seus foguetes, cornetas e pseudo patriotismo...por pelo menos uns 4 anos.

quinta-feira, 25 de maio de 2006

o gato mestre dos disfarces - 2




Uma canção, "Quem te faz chorar" ( Viridiana).

quarta-feira, 24 de maio de 2006

o gato mestre dos disfarces - 1






Uma canção, "Shadow of the season" (Screaming Trees).

segunda-feira, 22 de maio de 2006

jornalista mendigo - rebelião




Mais jornalista mendigo: 1 ; 2
Uma canção, "Nuvens" (Garagem 32).

domingo, 7 de maio de 2006

maxmilian - o passado bate em seu orkut



Mais Maximilian - max 1; max2

Uma canção, Song to the siren" (Tim Buckley) .

quinta-feira, 4 de maio de 2006

Bozo Larápio

E aqui vai uma história contada pelo próprio tio Sepúlveda, quadrinizada exclusivamente para este renomado site.




Uma canção, “Chuveiro" (Bozo) .

segunda-feira, 10 de abril de 2006

Æon Flux, de Karyn Kusama (2005)

Aeon Flux é uma sinistra série de animação que costumava passar na MTV tempos atrás. Os desenhos do coreano, Peter Chung, são bem característicos, com personagens ossudos que dão uma certa agonia, parecendo que vão quebrar a qualquer momento. Lembro que na época, uns conhecidos que acompanhavam a série não entendiam nada da história, imagina eu, que só via às vezes. Mas achava estiloso o traço dos personagens e suas bizarrices. Para você que conhece a antiga Aeon Flux, não pense que encontrará Charlize Theron esquelética e com um fio dental enfiado na bunda.

Se fossem construir um monumento que representasse a inveja feminina, seria uma estátua da Charlize Theron, aquela que passou lixa Nº4 na cara e engordou uns 200 kg para fazer uma serial killer em “Monster”(2003) e depois apareceu já bonitona para receber o oscar pelo mesmo personagem. Senta, engole uma pílula para falar com uma entidade esquisita e ouve a história.

No ano de 2011, um vírus matou 99% da população mundial. Um cientista chamado Goodchild descobre a cura. Como sempre vai acontecer em novas civilizações, os detentores de algum tipo de poder assumem o governo. Então...o clã dos Goodchild já está no poder há 400 anos. Aparentemente, o que sobrou da humanidade vive numa única cidade, Bregna, um lugar monitorado e cercado por grossas paredes – que a separam do mundo lá fora, tomado agora por natureza desconhecida da pesada. Existe um grupo que se opõem ao governo, os Monicanos (Monicans)que estão prestes a dar o maior de seus saltos...matar o líder Goodchild da temporada.

Caso a leitura de “Bregna” tenha lhe lembrado a palavra “Brega” e “Monicanos” a palavra “Moicano”, você não será o único. Principalmente depois que percebemos que Bregna é um lugar onde as modelos do "Workshop San Pablo Fashion Week" podem passear com seus modelitos livremente; e que Aeon Flux (Charlize Theron), a monicana mais mortal da galáxia e imcubida de dar cabo de Goodchild, tem um corte de cabelo ertranho e que foi lambido por uma vaca geneticamente modificada, porque nem uma bomba de 500 megatons poderia abalar sua incomensurável estrutura.

O abertura do filme chega a empolgar para qualquer pessoa que tenha assistido a um único episódio do desenho – tem até a cena clássica da mosca sendo presa nos cílios de Aeon, simulando uma Venus Flytrap (Dionaea muscipula), não precisei procurar isso em livros, esta é a única planta carnívora que conheço mesmo. O que aconteceu com o mundo é contado em poucos minutos e sempre é interessante estes prováveis futuros catastróficos a que a humanidade está sujeita na mente de escritores. Mas depois...

Achei as cenas de ação e efeitos muito mal aproveitados. Os combates e peripécias de Aeon são confusos, muito aquém de qualquer outro filme de ação futurista em cartaz. Depois de um tempo, o filme se resume a esperar pelo final enquanto assistimos a pitadas de coisas estranhas que a tecnologia do ano 2411 pode proporcionar. Até as surpresas bizarras, como a agente Sithandra, com mãos implantadas no lugar dos pés, não chegam a impressionar mais que um frame de animação.


A 15.000 pés de altura, 350 km/h e um super gel de durepox no cabelo.

Bem, no final das contas, só resta admirar a beleza e o esforço de Charlize, que nunca deixa de ser feminina e graciosa até matando alguém ou fazendo acrobacias alá Homem Aranha.

Pois é, não achei Aeon Flux bacana não, mas em matéria de adaptação cinematográfica, Peter Chung está tento mais sorte que Allan Moore (alguém gostou da "Liga Extraordinária”?).

Aeon Flux dá para assistir enquanto uma daquelas chuvas de Belém desaba lá fora. Se você for uma mulher heterossexual que não gosta de filmes de ação em futuros hipotéticos e que se agonia quando eu arranho o garfo no fundo prato...melhor levar o guarda chuva.

Uma canção, “Mary Star of the sea” (Zwan).

segunda-feira, 3 de abril de 2006

“Crash”, de Paul Haggis (2004)
### por Sepúlveda Gerardo ### Sepúlveda Gerardo é resenhador universal e multimedia sobre qualquer assunto, sem papas na língua, seja lá o que isso for.

Está longe de eu ser Paulo Nazareno, O grunge. Alguns leitores têm me confundido com este artista multimídia, multifacetado, multihabilidoso e multilado. Mas, não tem nada a ver, não. Ele está muito acima do bem e do mal com suas tiras incríveis, sua verve incendiária, seu humor preciso, sua cara de menino que não levou a merenda para a escola. O fato é que fui contratado a peso de ouro para escrever no Barata. Fora as 500 pilas mais oito vale-puta mensais, dois para cada fim de semana do mês, que garantem os rapapés a este gênio magnífico da criação. E não se fala mais nisso.

Porém, o que me traz aqui é "Crash - No limite", o vencedor do Oscarito. Nada mais pop em assistir ao ganhador do prêmio da Academia depois que os caras de Roliúdi elegeram a película como a melhor da temporada. Tanto que a sala estava cheia naquele domingo, quando estive com o Nazareno para fazer os últimos ajustes de minha contratação milionária. Não somos afeitos a essas coisas de multidão nem a mercadorias simbólicas reproduzidas em série para cultura de massa, como manda a cartilha das universidades de jornalismo pelo mundo afora. Ainda assim estivemos lá. Na saída do cinema, como já estávamos transgredindo o mandamento dos intelectuais, aproveitamos e fomos ao shopping fazer compras, agir como metrossexuais e comer um Big Mac.


Comida de Fresco.

Se você abomina a idéia de saber coisas do filme antes de vê-lo, ia dizer para deixar o texto por aqui e fazer outra coisa, mas tenho uma saída: NÃO leia os trechos em Marrom, certo?

Um filme com a Sandra Bullock e o Brendan Fraser e consegue ganhar o Oscar?! Eu tinha que ver isso! A Miss Simpatia e o Homem da Califórnia participam do legalzinho Crash. É legalzinho mesmo! E só! Não vamos muito além, porque se não os ativistas do movimento gay, que torciam pelo Segredo de Boukete Montain, vão cair de pau! (Ui!).

Rapaz, é muita discussão de preconceito e discriminação num filme só. É Branco, é preto, é "ticano", é "china", é islâmico. Está tudo lá. Menos os gays. Não que seja uma reclamação. Eu, sinceramente, entendi a onda da Academia. Já tinha o Brokeback e o Capote. Para que mais discussão sobre os rapazes alegres? Estratégia dos produtores e corte de gastos das produtoras, que por sinal é a mesma do Jogos Mortais, a Lions Gate Films (LGF). Quando começou o Crash até achei que apareceria o bonequinho do filme, dizendo: "Hello, Joe, I wanna play a game?".

Não vou me estender nas histórias, porque são muitas. E isso até depõe contra o filme. "Não se aprofunda em nada", já me disseram. Vale mesmo é que a trama mostra o que muita gente já sabe há séculos: o ser humano é uma merda mesmo! Mas, pode ser gente boa também. E pode ser um merda de novo, sucessivas vezes, até a morte. Crash mostra os discursos sendo desmontados com a realidade. Por exemplo,
[se você for daltônico, afirmo que o trecho começa a ficar marrom agora]
com o preto ladrão que se acha discriminado o tempo todo e defende sua raça não assaltando os brothers. Ele acaba se fodendo quando tenta roubar um carrão do diretor negro da TV. "Você é uma vergonha", diz o assaltado.
Lá na frente, o bandidinho furreca se redime salvando uns "chinas" que estavam sendo traficados por outro oriental.
Tem ainda a esposa Sandra Bullock do promotor Brendan Fraser que descobre a grande amiga na empregada doméstica latina. Quando a dondoca se espatifa caindo da escada, só consegue ajuda com a "ticana".
A "amiga" perua que poderia levá-la ao hospital estava numa sessão de massagem. E por aí seguem as lições de moral: policial-branco-racista que salva negra num carro em chamas; iraniano que tenta matar um latino, mas tem a alma salva do mármore do inferno pela filhinha do seu desafeto – a menina assusta todo mundo levando bala de festim na cabeça, disparada pelo sudito do Aiatolá komeini; o tira preto bem sucedido que está pouco se fodendo pro irmão igualmente preto mas desigualmente lascado.


Cara, é tanta gente sofrendo e cometendo discriminações explícitas que eu devo ter esquecido alguma coisa. Mas, ainda cabe mais nuanças no roteiro. Poderia ter a cantora lésbica que se apaixona pelo ator gay, que por sua vez, é terrorista da Al Qaeda, mas descobre que George W. Bush salvou seu tio-avô de um afogamento num barril de petróleo numa de suas viagens de negócio ao Iraque, e acaba entrando pros Hare Krishnas e casando com a cantora que a essa altura já havia esquecido sua amante, uma brasileria negra, nordestina, filha de japonês com alemão, que trabalhava no Pentágono. Ufa!

É um filme legalzinho, já disse. Mas, nada acontece nesta porra! Todas as situações de tensão são diluídas com alguma artimanha já prevista pelos roteristas e diretor. Quase que eu solto uma rojão dentro do cinema, quando a Sandra Bullock caiu da escada parecendo que ficaria tetraplégica, de tanto que não acontece nada. Pra ver: nem na queda não houve nada demais. A mulher aparece no hospital com a mesma cara de quem se salvou do ônibus do Velocidade Máxima! Porrrrra!!!

No fim o cara mais escroto da história é o policial bonzinho, rejeitador do comportamento racista do parceiro de viatura. Mais uma vez o discurso perde para realidade. O tira legal dá carona a um negão. Pára: achei isso estranhíssimo! Dar carona a qualquer hora é perigoso e incomun para caraleo, ainda mais na noite perigosa e fria de Los Angeles. E pior: aida mais para um rapaz... assim.. digamos... com jeito de quem infringiu repetidas vezes o Artigo 157 do Código Penal... (já vão dizer que estou sendo preconceituoso, mas eu não daria essa carona, nem que o diretor do filme me obrigasse!). Os dois no carro, conversa vai, conversa vem! O negro começa a rir! O branco se aborrece! O negro põe a mão no bolso e em seguida toma um peteleco no meio das fuças! O pior é que o carona só estava tentando mostrar que tinha uma imagem de São Cristóvão igualzinha ao que o tira ostentava no painel do carro. A prepotência do policial o levou a imaginar que o negro resolveria uma questão besta com um branco sacando um revólver. Viagem, né?
Pensando bem, essa maldito roteiro não convenceu! Mas, é cinema e na hora achei até bacana! Agora entendi o que o José JK Wilker queria dizer na apresentação do Oscar, exibida pela Grobo.


Ainda bem que Jim Carrey está no filme para aliviar os momentos de tensão.

Agora me perdoem os politicamente corretos pelas expressão como pretos, chinas, ticanos, viados. Quis dizer, na verdade, afrodescentes, povos orientais, imigrantes latino-americanos e homoafetivos, respectivamente. Mas, sabe como é, sou gente que nem os personagens do Crash: uma merda, mas escrotão também. Tudo de vez em quando e não necessariamente nesta mesma ordem. Ah, vai, dá um desconto!

Aproveita, quando for ver o filme, e dá uns R$ 183 ao flanelinha na saída ou convida o mendigo para jantar e dormir na sua casa por umas três semanas ou deixa a empregada doméstica descansar durante o expediente e lave a louça por ela até o próximo dia 31 de dezembro ou ainda aceite aquele seu primo afetado como um grande orgulho na família por conta das roupas fashions e rosinhas que ele usa. Será um bom exercício de tolerância, tal como Crash debate nas suas histórias entrelaçadas! Quem conseguir terá direito a prestar serviços comunitários das 5h da manhã ao meio-dia aos egressos do sistema penal, cometedores de crimes hediondos! Ah, as sessões serão no Beco do Relógio*, no bairro do Jurunas! Vai encarar?

* Área considerada de certa periculosidade pelos cadernos policiais dos jornais da cidade.

Uma canção, "Can't make a sound" (Elliott Smith).

quarta-feira, 22 de março de 2006

“Cidade Baixa”, de Sérgio Machado (2005)

### por Sepúlveda Gerardo ### Sepúlveda Gerardo é resenhador universal e multimedia sobre assuntos aleatórios, sem papas na língua, seja lá o que isso for.

Rapaz, estava eu por aqui me cansando de ver o teu blog sem ser atualizado, quando resolvi escrever minha última ode à recente produção cinematográfica tupiniquim. Para se aborrecer, recomendo o último mega-sucesso-promessa-sumpimpa do cinema brasileiro:Cidade Baixa. E teve gente que achou o máximo. Que melda!

Bom, senta, contrai uma gonorréia no Novo Horizonte* aí perto da tua casa, que lá vem a história. Cara, lembro alguém falando que o Ken Park, do Larry Clark (aquele do Kids), não servia nem pra bater uma punheta. Pois então. O CB é a mesma coisa. A história é a seguinte: dois caras que comem uma puta juntos, se apaixonam por ela e depois brigam pela meretriz. Eles são barqueiros. Ela, como eu já disse, uma puta. Um vira boxeador. O outro assaltante. Ela continua uma puta. E ponto final.

Bom...essa é a história. Acho que o diretor queria mostrar uma Salvador (BA) sem romance. Feia, suja, pobre, marginal. Porém, caraleo, isso já foi feito com outras cidades brasileiras retratadas em filmes como o Amarelo Manga, que mostra Recife bem escrotinha, porém tem uma história bacana pra contar. O fato é que a proposta do CB fica só na proposta, sem história, sem porra nenhuma. Até os bons Lázaro Ramos e Wagner Moura se fodem em suas atuações. O filme é tão ruim que o espectador olha e vê o Zico e o Ezequiel do Carandiru.

A puta, quer dizer, a atriz que faz a puta, é a Alice Braga, aquela sobrinha da Sônia Brega. Não sei o que fizeram com a menina, mas ela está bem escrota nesse filme, comparando com a gostosura dela em Cidade de Deus - Pausa: acho que ela só vai fazer filmes que tenham "Cidade" no título. Vou chamá-la pra atuar no meu mais recente roteiro: "Cidade Nova"**, com patrocínio da prefeitura de Ananindeua.
Penso que ela se esforçou demais pra parecer uma piva rebi-rebi. A atuação dela é tão medíocre quanto dos dois caras, com o agravante da moça parecer mais inexpressiva do que a dupla masculina. O trio acaba fazendo uma série de pseudo-cenas de sexo. Uma hora um come a putinha e o outro espera. Outra hora o outro come a putinha e o primeiro brecha. Outra hora o primeiro come a putinha enquanto o outro está todo estrupiado. Outra hora os dois vão comer a putinha e um desiste. E assim vai... até que uma hora um deles resolve assumir o caso com a vagaba, deixando o outro todo putinho, não no sentido de vender o corpo e sim de ficar bravo, com raiva.

O clima do filme com as cenas de prostíbulos baratos, os tipos escrotos do cais do porto baiano, a briga de galo, as lutas de boxe amadoras, dá a entender que vai terminar com uma morte (pelo menos). Mas, como o diretor deve ser um viadinho covarde, termina o filme com os dois, depois de uma briga de moleque de rua muito da sem graça, sendo amparado pela Karina (a putinha, claro), que chora em cima de uma bacia com água misturada com a groselha saída da cara dos amigos brigões.

Rapaz, ouvi dizer de uns “entendidos” em cinema que esse é mais um bom filme da nova safra no Brasil. Imagina quando começarem a chegar os palhas. Acho que o público no dia em que eu assisti não era dos mais afeitos a arroubos cinéfilos. A maioria ria das cenas e um, na saída da sala escura, resumiu a minha impressão: “égua do filmizinho sem graça!”.

Já não está mais em cartaz, mas está quase para chegar nas locadoras. Se quiser ficar puto, "só te digo vai"***.


Nossa, não chocavam tanto a opinião pública desde “Três formas de amar”.

* Casa da luz vermelha que fica próximo à casa de P. Nazareno, em Belém.
** Grande área de bairros do Município de Ananindeua.
*** Expressão local equivalente ao “você não pode ficar fora dessa”.


Uma canção, “I Want you” (Elvis Costello).

sexta-feira, 17 de março de 2006

"Transporter 2", Louis Leterrier (2005)
Não tenho preconceito com nenhum tipo de filme, assisto desde o drama que faz a sua tia chorar soluçante ao final até a comédia romântica americana em que o cara faz uma sacanagem com a mocinha, acaba se apaixonando por ela, mas se redime no final demonstrando o seu amor publicamente. Só que num determinado momento eu parei de ver filmes com títulos do tipo “Ameaça Explosiva”, “Fuminância Impactante” ou coisas parecidas que notavelmente indiquem filmes de ação na cabeça de quem define o título em terras brasileiras. Minha atitude xenófoba estava mais diretamente ligada ao título do que pelo conteúdo mesmo. É por isso que eu me recusei a chamar Transporter de Carga Explosiva. Antes de discorrer sobre a sequência do filme, devo dizer que Transporter representa o meu retorno à ação. Não a qualquer ação que pode conter nos filmes, mas sim ao esteriotipado filme de ação clássico com vilões escrotos e um herói idem que paga que é do bem. Enquanto Cobra (Stallone) e T-101 (Schwarzenegger) são fodões e destemidos, Frank Martin (Jason Statham) é isento de adjetivos...ele é simplesmente O CARA. Enquanto os outros precisam de armas, equipamentos, coletes e se arrebentam por vezes, Frank Martin não precisa de nada: usa um terno preto caro, dirige um carro preto caro, quebra tudo que encontra pela frente no menor tempo possível e no final está mais impecável que o James Bond no início dos filmes. Porra, como se isso não bastasse...o rapaz é nada mais nada menos que “um gato!” – perceba que cada centímetro do meu machismo incrustrado não foram suficientes para evitar a acertiva.

Em Transporter 2, Luc Besson (produtor/roteirista) se reuniu com a equipe e disse:

- Bem, a cada 5 minutos e 23 segundos teremos une mentira no film. Mas non pode ser une mentira qualquer. Tem que ser une daquelas que ninguém pensou jamé em outro filme antes e que arranque les maiores interjeições da língua native de quem estiver assistindo! Compreendido?
- Oui, Luc! Mostre-me o roteiro – diz o diretor.
- Ainda não o escrevi, apenas defini les mentiras.
- Oui...

É isso. Senta, observa um canguru manco fugindo num pogobol e se desviando de balas disparadas por uma coruja num ultraleve, que lá vem a história... Achou um exagero? Hum, você ainda não viu nada.


Para quem não sabe, Frank Martin é um cara metódico que trabalha em seu carrão transportando encomendas de qualquer natureza mediante altos pagamentos. Para ele não importa se está carregando 50 quilos de heroína ou uma dúzia de fetos natimortos para pesquisas de células tronco, só importa entregar a mercadoria (que ele desconhece) nos locais e horários combinados. No início da segunda parte, ele é apresentado ao público de uma forma que não fará diferença se você viu o primeiro filme ou não. Em poucos minutos já se percebe que o cara é muito mais que um simples motorista comum. O fato dele ter feito parte das forças especiais (mencionado nos dois filmes), acredite, não será o bastante para tentar explicar porque ele quebra no pau todos os atores que aparecem na tela nos primeiros segundos, dirige como se tivesse um computador de bordo na cabeça e que qualquer ser humano com mais de um cromossomo X no corpo tenha vontade de dar para ele, além de outras coisas que não direi apenas para lhe dar o prazer de se espocar de rir, espraguejar de raiva, corar de indignação...e todas as variedades de reações que a história possa lhe causar.



Não se preocupe, filho, você estará mais seguro com Frank Martin desarmado em dia de operação do Exército na favela do que ao lado de Clark Kent na redação do Planeta Diário

Ele está temporariamente substituindo alguém que toma conta do filho de um figurão. Vai buscar e deixar o moleque na escola, faz brincadeiras com ele, evita as investidas da bela mãe do garoto, essas coisas básicas. Acontece que querem seqüestrá-lo e isto vai de encontro aos princípios de Frank, ou melhor, suas regras. Ele prometeu ao menino não deixar ninguém machucá-lo, então...meus pêsames para quem quebrar esta regra. Bem, é isto. O resto são as mentiras que os roteiristas imaginaram.

Uma outra coisa, que pode ser interpretado como uma observação machista da minha parte – mas eu já disse que o cara é presença, então tudo bem -, é que o filme tem cenas de ação, porrada, herói solitário, carros importados e fudidaços, mas no quesito mulherio...é uma negação! No primeiro filme ainda tinha a Shu Qi, que realmente é bela, mas... que porra é aquela? – refiro-me a Lola(Kate Nauta). Lola é uma vilã que deveria ser a mulher mais atraente e fatal do filme, e no entanto é o maior exemplo da atualidade de atriz horripilante, esmilinguida e baranga (não, não estou pegando pesado) querendo dar uma de bonitona! Porra, acharem esta mulher bonita é sem dúvida a maior de todas as mentiras do filme!


"Ainda bem que o cachê é bom, porque...vai ser escrota assim na casa do baralho!"

Quanto às outras mentiras, não revelarei nenhuma, mas prepare-se para assistir a coisas, no mínimo, inéditas – espere só até ver como Frank se livra de uma bomba no fundo de seu carro.

Jason Statham ainda não têm uma penca de filmes no currículo, mas eu ainda não vi um único papel ou filme ruim com este cara! Esperamos que em sua carreira não apareça nenhum Efeito Colateral ou O Fim dos Dias. E no caso do “Transportador”, acho que só não é ruim por causa dele – acho que nenhum outro conseguiria fazê-lo com o mesmo carisma. Eu não sentia a vontade de ser o “herói escroto do filme” desde
Fuga de Nova Yorke (John Carpenter - 1981), que marcou para sempre a cara e a alma de Kurt Russell, por isso ele é tão ruim fazendo qualquer outro personagem que não seja Snake Plissken. É, Jason Statham/Frank Martin é o cara! Depois do filme eu quase entrei em uma de suas comunidade do orkut.

Nota – Apesar d’eu simpatizar com Transporter, o filme não dista muito de outros ruins do (suposto) mesmo gênero. Digo isso pelo quesito “vilania”: no 1º o culpado é um asiático inescrupuloso que trafica escravos de uma região miserável da ásia; no 2º é o cartel de drogas da Colômbia. No final das contas, é mais um filme como Bad Boys 2 e Efeito Colateral, que mostra Cuba uma imensa favela desolada que parece o cenário do próximo Mad Max e que a cocaína é a moeda local da Colômbia e as crianças trocam meia grama por pirulitos. Fazer o que né, o cinema é um bom negócio e os donos estão pouco se lixando pra isso, afinal, eles acham a Shakira um tesão é isso deve compensar.

O que foi? Alguém ficou surpreendido que usei meus conhecimentos adquiridos no curso de comunicação para mostrar minha visão crítica das coisas? Não...eu escrevi tudo isso apenas para dizer que a Shakira é um tesão mesmo.

Uma canção, "Banana Co." (Radiohead).