Se fossem construir um monumento que representasse a inveja feminina, seria uma estátua da Charlize Theron, aquela que passou lixa Nº4 na cara e engordou uns 200 kg para fazer uma serial killer em “Monster”(2003) e depois apareceu já bonitona para receber o oscar pelo mesmo personagem. Senta, engole uma pílula para falar com uma entidade esquisita e ouve a história.
No ano de 2011, um vírus matou 99% da população mundial. Um cientista chamado Goodchild descobre a cura. Como sempre vai acontecer em novas civilizações, os detentores de algum tipo de poder assumem o governo. Então...o clã dos Goodchild já está no poder há 400 anos. Aparentemente, o que sobrou da humanidade vive numa única cidade, Bregna, um lugar monitorado e cercado por grossas paredes – que a separam do mundo lá fora, tomado agora por natureza desconhecida da pesada. Existe um grupo que se opõem ao governo, os Monicanos (Monicans)que estão prestes a dar o maior de seus saltos...matar o líder Goodchild da temporada.
Caso a leitura de “Bregna” tenha lhe lembrado a palavra “Brega” e “Monicanos” a palavra “Moicano”, você não será o único. Principalmente depois que percebemos que Bregna é um lugar onde as modelos do "Workshop San Pablo Fashion Week" podem passear com seus modelitos livremente; e que Aeon Flux (Charlize Theron), a monicana mais mortal da galáxia e imcubida de dar cabo de Goodchild, tem um corte de cabelo ertranho e que foi lambido por uma vaca geneticamente modificada, porque nem uma bomba de 500 megatons poderia abalar sua incomensurável estrutura.
O abertura do filme chega a empolgar para qualquer pessoa que tenha assistido a um único episódio do desenho – tem até a cena clássica da mosca sendo presa nos cílios de Aeon, simulando uma Venus Flytrap (Dionaea muscipula), não precisei procurar isso em livros, esta é a única planta carnívora que conheço mesmo. O que aconteceu com o mundo é contado em poucos minutos e sempre é interessante estes prováveis futuros catastróficos a que a humanidade está sujeita na mente de escritores. Mas depois...
Achei as cenas de ação e efeitos muito mal aproveitados. Os combates e peripécias de Aeon são confusos, muito aquém de qualquer outro filme de ação futurista em cartaz. Depois de um tempo, o filme se resume a esperar pelo final enquanto assistimos a pitadas de coisas estranhas que a tecnologia do ano 2411 pode proporcionar. Até as surpresas bizarras, como a agente Sithandra, com mãos implantadas no lugar dos pés, não chegam a impressionar mais que um frame de animação.
A 15.000 pés de altura, 350 km/h e um super gel de durepox no cabelo.
Bem, no final das contas, só resta admirar a beleza e o esforço de Charlize, que nunca deixa de ser feminina e graciosa até matando alguém ou fazendo acrobacias alá Homem Aranha.
Pois é, não achei Aeon Flux bacana não, mas em matéria de adaptação cinematográfica, Peter Chung está tento mais sorte que Allan Moore (alguém gostou da "Liga Extraordinária”?).
Aeon Flux dá para assistir enquanto uma daquelas chuvas de Belém desaba lá fora. Se você for uma mulher heterossexual que não gosta de filmes de ação em futuros hipotéticos e que se agonia quando eu arranho o garfo no fundo prato...melhor levar o guarda chuva.
Uma canção, “Mary Star of the sea” (Zwan).