sábado, 29 de outubro de 2005
domingo, 23 de outubro de 2005
Além disso, ela é certamente a sogra que toda mulher gostaria de ter. Ela nunca teve uma filha, apenas dois marmanjos que devem sobretudo respeitar a filha dos outros, mesmo que a filha dos outros tente atropelar um de seus filhos com um carro ou seja uma desconhecida que descobriu onde você mora e lhe persiga pela rua com um machado dia e noite. Sem dúvida, minha mãe e amável.
Dona Graça também é expert em se envolver em situações constrangedoras, as chamadas gafes. Ela é a primeira pessoa a chegar num local, encontrar uma mulher que andou comendo demais e fazer a pergunta, “Estás grávida?”, na frente de todos é claro.
Outro dia um senhor, lá pelos seus cinquenta e tantos anos, adentrou a lojinha de Dona Graça. Dias antes, o mesmo senhor havia comprado vários vasinhos chineses, que estavam à venda na loja. Ele agora havia voltado com várias pessoas, uns rapazes e uma mocinha com uma filhinha.
O senhor disse que os vasos ficaram muito bonitos em sua casa, com um notável ar de que tinha vindo para buscar os que restaram. A menininha, filha da mocinha, escolheu algum brinquedinho. Enquanto mamãe embrulhava o presente, com intuito de preencher algum silêncio que sempre aparece entre vendedor e freguês, ela fala sorridente:
- É sua neta?
O coroa pegou o presente, com certo tempo de resposta e disse calmamente:
- Os rapazes são todos meus filhos, e essa pequenina...é minha filha também.
Dona Graça ainda tem um monte de vasinhos chineses na loja.
Além de não perceber que se envolve nestas situações, ou perceber tarde demais, mamãe ainda participa de outras onde os telespectadores podem achar que ela está fazendo isso de sacanagem. Foi o que aconteceu recentemente.
Próximo à lojinha mora uma senhora com problemas de audição. Ela veio ver umas roupas e trouxe uma conta, dessas que chegam pelo correio, para dona graça explicar-lhe melhor a cobrança. Tanto mamãe quanto eu sabemos do problema da vizinha, por isso devemos falar em mais do que alto e bom som com ela.
- É uma cobrança para seu filho – Dona Graça falando de um jeito que dava para ouvir do outro lado da pista, e continuou – É uma dívida que ele não pagou e por isso o nome dele foi para o SPC!
Ela teve que repetir isso várias vezes para ser entendida, o tempo em que um pequeno grupo já se aglomerava na frente da loja, alguns até já procuravam a câmera escondida da pegadinha que a mamãe estava fazendo com aquela pobre senhora.
Dona Graça é gente boa, é a sogra que muitas gostariam de ter e dela eu herdei a habilidade de ser bonzinho e sempre me dar mal, envolver-me em situações constrangedoras e sacanear com o próximo sem querer querendo.
Dona Graça e o segundo filho, em 1981
quinta-feira, 20 de outubro de 2005
segunda-feira, 17 de outubro de 2005
Tem aquela do seu cachorro branquinho, o Piquixito (este era o nome do canino, é minha avó mesmo). Ela acordou cedo para acompanhar o Círio de Nazaré e Piquixito a encontrou no meio da multidão. Este Piquixito era mesmo foda, alías, os animais que aparecem nas histórias da minha avó é que são. Tanto que a minha favorita é esta:
Em algum lugar, uma moça estava sozinha em casa com um cachorro. Ela estava fazendo farinha e o cachorro não parava de olhar para ela. Impaciente com o olhar pidão do animal, a moça fala irritada:
- O que é cachorro, tu queres farinha?
- Não, eu não quero! – o cachorro responde com desdém.
A mocinha cai mortinha no chão. Fim.
sábado, 15 de outubro de 2005
quinta-feira, 6 de outubro de 2005
Desenho de Ruy Perotti
Em parceria com a Academia Paraense de Letras, a Universidade da Amazônia (UNAMA) promoveu um concurso de contos sobre Dom Quixote. O tema: “As prováveis aventuras do cavaleiro da Triste Figura nas terras da Amazônia”. A idéia era situar o famoso personagem de Miguel de Cervantes em outro contexto, no caso, em alguma aventura por essas bandas amazônicas. O resultado saiu:
A comissão julgadora esteve assim constituída:
João Carlos Pereira - membro da Academia Paraense, jornalista, cronista e professora da Universidade da Amazônia.
Elaine Oliveira - mestre em Teoria Literária, professora da UNAMA e gerente-técnico do Instituto de Artes do Pará
Denis Cavalcante - livreiro, cronista e membro da Academia Paraense de Letras
Autores selecionados:
1o. lugar - Alfredo Garcia (pseudônimo "Jofre Pança"). Obra: "Quixote"
2o. lugar - Carlos Correa Santos (pseudônimo: "Cavaleiro do Contar". Obra: "D. Menino".
3o. lugar - Paulo Nazareno da Silva Almeida (pseudônimo: "Javier Gerardo Guadalajara"). Obra: "Visita de Família".
Puxa, levando em conta que eu nunca tinha me inscrito em nada do gênero, sequer ter terminado outro conto e definitivamente jamais esperar estas bem aventuradas notícias, isto é uma coisa bacana pra caramba. Parece que vai ser lançado um livro reunindo os contos em edição bilíngue (aí não sei quando).